Aparições de Fátima - 96 anos ( 1917 - 2013 )
O Aparecimento de Nossa Senhora Desde 13 de Maio de 1917 que se formara o
sentimento popular de que Nossa Senhora de Fátima, depois da festividade da
Ascensão, aparecera a três jovens pastores - Francisco, Jacinta e Lúcia - em
cima de uma azinheira no lugar da Cova Iria, perto de Fátima. Numa linguagem
serena, ter-lhes-ia anunciado uma nova aparição para ajudar a remir os
pecados do mundo.
Logo se espalhou a boa nova, com a promessa de que no dia 13 de Outubro o
Sol haveria de dar testemunho da presença miraculosa. Surgindo como um farol
de esperança num tempo de inquietação colectiva, as aparições de Fátima
consolidavam a força de transcendência em muitas almas sofredoras e muitos
corações aflitos. ( Ilustração Portuguesa, do jornalista Avelino de
Almeida).
A nossa participação na Grande Guerra não contribuiu pouco para avolumar a
força do mistério nos meios populares.
Assim juntaram-se na charneca de Fátima, no dia 13 de Outubro, algumas
centenas de pessoas (
cerca de 70.000 segundo a Britannica ) para tentar uma visão
consciente do fenómeno sobrenatural que cinco meses antes se dizia ter
ocorrido naquelas paragens. Gente da mais variada origem e meios de vida, de
feição abastada ou humilde, chegando de automóvel ou tendo feito longo
percurso a pé. Avelino de Almeida, que era um jornalista conceituado, mas
totalmente insuspeito de convencionalismo, deixou a seguinte notícia da cena
que lhe coube observar:
E quando já não imaginava que via alguma coisa mais impressionante do que
essa numerosa mas pacifica multidão (...) que vi eu ainda de verdadeiramente
estranho na charneca de Fátima ?
A chuva, à hora pronunciada, deixou de cair; a densa nuvem rompeu-se e o
astro-rei -- disco de prata fosca -- em pleno zénite apareceu e começou
dançando num bailado violento e convulso, que grande número de pessoas
imaginava ser uma densa serpentina, tão belas e rutilantes cores revestiu
sucessivamente a superfície solar (...)
Ainda que as autoridades eclesiásticas não quisessem pronunciar-se sobre o
fenómeno, (o então Bispo de Leiria era D. José Alves Correia da Silva, que
esteve preso dois anos em condições tais, que o deixaram quase incapaz até à
sua morte), a notícia de O Século causou uma profunda impressão no Povo, que
logo se estendeu de norte a sul do País. O articulista do Século continuava:
« Milagre, como gritava o Povo; fenómeno natural, como dizem os sábios? Não
curo agora
de sabê-lo, mas apenas de afirmar o que vi...O resto é com a Ciência e com a
Igreja.»
Por escrever este artigo, Avelino de Almeida foi despedido do Século ! Ao
ter conhecimento do facto, o Dr. Manuel Alegre, governador civil de
Santarém, enviou uma força da Guarda Nacional republicana a policiar o
local, mas um grupo de antigos carbonários foi à Cova da Iria proceder ao
corte da azinheira, que depois circulou nas ruas daquela cidade, num cortejo
triunfalista em que se ouviam"morras" à Igreja e "vivas" à República.
Mais tarde, em 1921 dinamitaram a capelinha das aparições, que foi depois
reconstruída no mesmo local.
O relato que aqui se deixa não tem outro fim que o de integrar um facto de
sentimento colectivo na história do tempo, porque seria impossível negar ou
esconder o que as aparições de Fátima representaram na história portuguesa
de 1917, e para a história do Mundo Católico a partir dessa data.
O desencanto que muitos estratos da população sentiam com as incertezas da
vida política contribuiu para avolumar o acontecimento, que passou de
imediato da esfera religiosa para a social.
Para muitas almas inquietas, o episódio de Fátima tornou-se a voz da
redenção oferecida aos que lutam e sofrem, como luz anunciadora de um futuro
melhor. As paróquias e igrejas de Nossa Senhora de Fátima, são inúmeras por
todos os continentes da Terra, tornando esta difusão de Fé, como o mais
palpável e importante Milagre de Fátima !
Primeira Aparição
Na
primavera de 1916, Lúcia dos Santos de 9 anos com seus priminhos Jacinta e
Francisco Marto de 6 e 8 anos, estavam no pasto com suas ovelhas na gruta do
outeiro do Cabeço, perto de Aljustrel, freguesia de Fátima, região de
pedras, entre plantinhas e oliveiras e grutas. Enquanto brincavam, de
improviso os envolveu uma luz branca e um vento forte sacudiu as árvores. No
meio daquela luz a figura de um jovem apareceu, que se apresentou dizendo:
"Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo".
Ajoelhando-se na terra, abaixou a cabeça até tocar o solo e fez as crianças
repetirem com ele três vezes: " Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos.
Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram e Vos não amam".
Depois ergueu-se dizendo: "Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão
atentos à voz das vossas súpl
Segunda Aparição
Ocorreu no verão, quando os pastorezinhos brincavam junto ao poço da casa de
Lúcia. O Anjo se dirigiu a eles com estas palavras: " Que fazeis? Orai! Orai
Muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de
misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios".
As crianças perguntaram: "Como nos havemos de sacrificar?". O Anjo
respondeu: "De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de
reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão
dos pecadores. Atraí assim sobre vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua
guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o
sofrimento que o Senhor vos enviar".
A partir deste momento os pastorezinhos começaram a oferecer ao Senhor tudo
aquilo em que podiam mortificar-se.
Terceira Aparição
Ocorreu no Outono de 1916 no Cabeço. As crianças tinham começado as orações
quando apareceu uma luz e viram o Anjo que trazia na mão esquerda um cálice
e suspensa sobre ele uma Hóstia, da qual caíam dentro do cálice algumas
gotas de sangue.
Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra junto
deles e repetiu três vezes a oração: "Santíssima Trindade, Padre, Filho e
Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo,
Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da
terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele
mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do
Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores".
Depois, levantando-se, deu a Hóstia a Lúcia e o que continha o cálice deu-o
a beber a Jacinta e a Francisco, dizendo ao mesmo tempo: "Tomai e bebei o
Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens
ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus".
Quarta Aparição
Em Agosto as crianças foram impedidas pelas autoridades civis
anti-eclesiásticas de irem ao encontro do dia 13, onde estava reunida uma
enorme multidão. As crianças por dois dias foram fechadas e ameaçadas de
torturas para que desmentissem, mas não cederam; estavam prontas para
oferecerem suas vidas para não trair as promessas feitas a Nossa Senhora.
Então foram libertadas.
Em 19 de Agosto, enquanto pastorejavam o rebanho num lugar chamado Valinhos,
viram a Senhora sobre uma azinheira. "O que queres de mim?", disse Lúcia.
"Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13 e que continueis a rezar
o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos
acreditem". Depois, com um aspecto mais triste disse: "Rezai, rezai muito e
fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por
não haver quem se sacrifique e peça por elas".
Quinta Aparição
Em 13 de Setembro cerca de 30.000 pessoas os acompanharam à Cova da Iria e
ali recitaram o Rosário; pouco depois apareceu a Senhora sobre a azinheira.
"Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá
também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo e São José com o
Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos
sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o
dia".
"Não quero mais nada". Em seguida, abrindo as mãos, Nossa Senhora fê-las
reflectir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria
luz a projectar-se no sol. Lúcia nesse momento exclamou: "Olhem para o
sol!". Então aconteceu o sinal prometido, o sol extraordinariamente
brilhante, mas não a ponto de cegar.
O sol começou a girar sobre si mesmo, projectando em todas as direcções
feixes de luz de todas as cores que reflectiam-se e coloravam as nuvens, o
céu, as árvores, a multidão. Parou por certo tempo e depois recomeçou, como
antes, girando sobre si mesmo. De repente parecia que se destacava do céu
para precipitar-se sobre a multidão que assistia aterrorizada, caia de
joelhos e invocava misericórdia.
No entanto as crianças viram ao lado do sol Nossa Senhora vestida de branco
com o manto azul e São José com o Menino que abençoava o mundo. Depois desta
visão, viram O Senhor que abençoava o mundo, com Nossa Senhora das Dores a
seu lado. Desaparecida esta visão, viram Nossa Senhora do Carmo. Terminado o
milagre as pessoas se deram conta de terem tido suas roupas completamente
secadas.
Visitas Papais a Fátima
Em 1956 - O Cardeal Roncalli, Patriarca de Veneza, futuro Papa João XXIII,
preside à Peregrinação Internacional Aniversaria.
Em
1967 - O Papa Paulo VI
Desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora,para
pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja.
Em 1982 1ª Visita de
João Paulo II
O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer o ter escapado
com vida, um ano antes, na Praça de S. Pedro, e, de joelhos, consagra a
Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado
Coração de Maria.
O Santo Padre João Paulo II vem pela segunda vez a Fátima, como peregrino,
no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano,
presidindo à Peregrinação Internacional Aniversária.
Em
2000 3ª Visita de João Paulo II-
13-05-2000 - Por ocasião da 3ª visita de João Paulo II a Fátima, o Santo
Padre beatificou Francisco e Jacinta Marto.
Em 2005 - Falecimento da Ir. Lúcia.
Em
2010 - Visita de Bento XVI
A visita
apostólica do Papa Bento XVI a Portugal decorreu no dias 11 a 14 de Maio de
2010. Os propósitos principais desta visita papal são a celebração do 10.º
aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta Marto e Francisco Marto,
videntes de Fátima, e o contacto com as dioceses de Lisboa, Leiria-Fátima e
Porto.
O Papa Bento XVI chegou ao Aeroporto da Portela, em Lisboa, na manhã do dia
11 de Maio.
Após um encontro na Nunciatura apostólica com o corpo diplomático e
representantes do Estado, visitou o Mosteiro dos Jerónimos e foi recebido
pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva no Palácio de Belém.
No final da audiência, o Papa saudou também os funcionários do Palácio de
Belém. Ao fim da tarde, ele celebrou uma missa no Terreiro do Paço, no
centro da capital portuguesa.
A
Igreja da Santíssima Trindade - Fátima
A bênção da nova
Igreja da Santíssima Trindade
O Cardeal Tarcisio Bertone, legado do Papa Bento XVI, abençoou e disse a
primeira missa na nova Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, no dia 12 de
Outubro de 2007. É um projecto arquitectónico de referência a nível mundial,
é a quarta maior igreja do Mundo, que permite lugar sentado a cerca de 9.000
fiéis. O custo da obra, incluindo os novos acessos que terão de ser
construídos, foi de cerca de 80 milhões de euros, inteiramente constituídos
pelas ofertas dos peregrinos que visitam o Santuário.
Características da nova Igreja
Da autoria do arquitecto grego ortodoxo Alexandros Tombazis, a nova Igreja
tem duas zonas principais, uma dedicada à reconciliação e outra a nave
principal, que forma um círculo de 125 metros de diâmetro, com capacidade
até perto de nove mil lugares sentados. É a maior igreja de Portugal e a 4ª
maior do Mundo.
Nos trabalhos de escavação foram removidos 245 mil metros cúbicos de terra,
e para a obra foram colocadas mais de cinco mil estacas, a que se somam 6,2
mil toneladas de aço, 40 mil metros cúbicos de betão. Para algumas
estruturas e para aumentar a sua resistência, teve que ser usado betão com
cimento branco e uma nova técnica de esfriamento por azoto, aplicada pela
primeira vez em Portugal.
Fátima - Imagens da Igreja da Santíssima Trindade Adicionar legenda
|
As quatro capelas menores têm capacidade para entre 140 e 400 lugares
sentados a que se somam 48 confessionários, que são unidos por um grande
átrio que servirá de apoio aos peregrinos. O culto do Santíssimo Sacramento
será transferido para a nova Igreja bem como vários serviços menores do
Santuário, até agora espalhados por vários locais.
Só em rodapés foram gastos quase sete quilómetros, enquanto que no sistema
de ar condicionado as condutas e tubagens estendem-se por quase 30
quilómetros. O número de extintores espalhados atinge mais de uma centena.
Em Março de 2004, João Paulo II ofereceu uma pedra do túmulo de São Pedro
que foi colocada dentro do altar da nova Igreja, numa cerimónia que marcou o
início da construção propriamente dita da obra.
Uma das peças com maior impacto é a parede de fundo do altar, com mais de
500 metros quadrados, que inclui vários desenhos de inspiração ortodoxa
sobre folha de ouro em relevo da autoria do esloveno Marko Ivan Rupnik.
Na obra trabalharam cerca de 3.300 pessoas, que deverão ter o seu nome
gravado num monumento a colocar na basílica. As cerimónias de inauguração da
Igreja da Santíssima Trindade demoraram cerca de três horas. Entre os muitos
convidados, contam-se o Presidente da República, Cavaco Silva, e o
Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama e o ministro da
Presidência em representação do primeiro ministro.
Homília do Cardeal Tarcisio Bertone
Num comentário " muito laicista" diz o DN: «O cardeal Tarcisio Bertone
aproveitou o 90.º aniversário das aparições de Fátima para apelar à
"rebelião" dos cristãos. E denunciou "a negação de todo e qualquer valor
real" em nome da sociedade aberta. Estas palavras do secretário de Estado do
Vaticano significam que a Igreja Católica está cansada de estar à defesa e
sente necessidade de reconquistar terreno.
Cardeal Tarcisio Bertone |
Em Portugal, na Europa, no mundo. Após séculos como força dominante da
sociedade ocidental (não esquecer que o Papa era o mais importante dos
soberanos), a Igreja Católica tem perdido terreno desde a Revolução
Francesa, à medida que as sociedades se tornam modernas(sic) e, sobretudo,
laicas.
É legítima a preocupação da hierarquia católica em reconquistar a influência
perdida, sendo que o Vaticano parece mais preocupado com os "senhores deste
tempo" (intelectuais, políticos, empresários, cientistas) do que com as
práticas laicas oficiais dos Estados.
Mas a legitimidade dessa preocupação não significa que a sociedade em geral
tenha de aceitar automaticamente como natural a influência que a Igreja
ambiciona reconquistar.»